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Uma precoce saída de cena

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Mundo da música lamenta a morte do baterista do Foo Fighters.

“Eu achava que, para ser um roqueiro, você tinha que ser o Keith Richards.”

Taylor Hawkins

Por Átila Santos*

Taylor Hawkins, 50 anos, baterista – mas ele era muito mais do que isto – do Foo Fighters, deixou “o palco dessa vida” de uma forma (ainda) inexplicável, chocante, devastadora…

Uma precoce “saída de cena” de um sujeito pra lá de talentoso e mais do que um simples músico a segurar duas baquetas e “fazer barulho” em tambores e pratos… Hawkins esbanjava energia, se entregava em cada virada… e conseguia dividir o protagonismo numa banda que tem (ou tinha) Dave Grohl, um líder também carismático e talentoso…

Em 1995, Hawkins, nascido no Texas, era o batera da canadense Alanis Morissette. Dois anos depois, Grohl procurava um baterista – e queria alguém tão bom quanto ele – para substituir William Goldsmith no Foo Fighters, que gravava seu segundo álbum, “The colour and the shape”.

Convite aceito – e foi sintonia imediata com Grohl -, Hawkins acabou se tornando, nas palavras do ex-baterista do Nirvana, “meu parceiro de crime”, “meu animal espiritual”, “o amor da minha vida”…

Além de genial, Hawkins, que canalizava toda a sua criatividade e energia em outros projetos paralelos, como as bandas The Cops (‘cover’ de The Police) e Coattail Riders (que chegou a lançar dois discos), era um sujeito simpático, carismático – de vez em quando, trocava de lugar com o (também baterista) Dave Grohl e ia cantar no lugar do parceiro – e que tinha tudo para ser marrento, insuportável, inalcançável, só que ele não sabia ser nem agir desta maneira…

Em 2001, pouco depois de sofrer uma ‘overdose’ que o deixou em coma por duas semanas, Hawkins admitiu ter problemas com álcool e drogas, e “soltou” esta: “Eu achava que, para ser um roqueiro, você tinha que ser o Keith Richards.”

Hawkins, que deixa três filhos, valorizou o nosso – também sou baterista – instrumento e honrou todos nós que empunhamos dois pedacinhos de madeira e “alimentamos as usinas de som” por esse mundo afora…

E, pensando bem, não devia ser nada fácil ser o batera de uma banda cujo líder/vocalista/guitarrista é também um dos melhores bateristas do rock…

*Atila Santos é jornalista e músico. É baterista da Experience Rock Band, uma das bandas oficiais do Rock Experience. Foi produtor musical da casa de 2018 a 2020 .