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Lá se vai mais um mestre!

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Morte de Alan White é mais uma grande perda no universo das baquetas.

Por Atila Santos*

“Ladies and gentlemen, here we have Mr. Alan White!”

Jon Anderson

É assim que o vocalista do Yes, abre a faixa “Hold on”, do álbum “9012Live: The Solos”, gravado ao vivo durante uma turnê em 1984…
Já parecia uma espécie de homenagem – com todo o carinho e respeito – prévia ao batera inglês que morreu aos 72 anos nesta quinta, 26 de maio, em Seattle, nos EUA, “após uma breve doença” (assim dizia o comunicado divulgado pela família dele).

Obs.: “Hold on” é uma das canções mais emblemáticas e significativas do Yes, com baixo e bateria “dialogando” de uma maneira emocionante… Vale muito a pena conferir (pra quem não a conhece) e ouvir de novo, várias vezes (pros já “iniciados”).

Bom, sempre que morre um baterista – não interessa se ele era bom ou não, estava em atividade ou já tinha se aposentado, era novo ou velho, estava em forma ou fora de forma, era respeitado por todos ou menosprezado por alguns -, fica um vazio nos palcos…
Um lugar que nunca mais vai ser ocupado, não importa que haja substitutos (alguns até melhores/mais competentes do que os “originais”): é como se o resto da banda olhasse pra trás e não visse mais aquele “motorzinho” que os conduzia…
“Sumiu o nosso ‘reloginho’, desapareceu o nosso ‘metrônomo de carne e osso’!
O que fazer, então, como seguir com o show?!”

Em 1969, Alan recebeu um telefonema e pensou que se tratava de um trote: era John Lennon ligando para pedir que ele se juntasse à Plastic Ono Band…
No dia seguinte, Mr. White já se viu aprendendo músicas na parte de trás de um avião para Toronto com Lennon, Yoko Ono, Eric Clapton e o baixista Klaus Voormann.

A associação do batera com Lennon continuou, e ele gravou ‘singles’ como “Instant Karma” e o subsequente álbum de referência, ‘Imagine’, com Alan “fornecendo” a bateria para a música-título, “Jealous guy” e “How do you sleep at night?”.

O trabalho de Alan com Lennon levou-o a ser apresentado a George Harrison, que pediu a ele que participasse do álbum (triplo) “All things must pass”, lançado pelo ex-Beatle assim que deixou o Quarteto de Liverpool.

Alan White entrou pro Yes em 27 de julho de 1972, substituindo o “dono das baquetas” original (Bill Bruford, outro gênio), e com apenas três dias para aprender as músicas, lá foi Mr. White com o quinteto britânico abrir a turnê pelos EUA diante de 15 mil fãs em Dallas, no Texas, no dia 30 de julho de 1972.

Alan estava com o Yes desde então, e, com a morte do membro-fundador, o baixista Chris Squire, em junho de 2015, ele era o componente mais antigo da banda.

Em clássicos e obras-primas do Yes (e como se trata de rock progressivo, eram músicas dificílimas, cheias de mudanças de ritmo, nuances, dinâmicas, “paradas e retornos” etc.), ele deixou sua marca, “carimbou” épocas com seu estilo inconfundível e influenciou gerações de bateristas.

Então, aqui vai a singela e modestíssima – porém, mais do que merecida, não? – homenagem do Rock Experience a mais um (insubstituível) mestre das baquetas, que nos deixa sem aqueles “barulhinhos” bons da percussão…

*Atila Santos é jornalista e músico. É baterista da Experience Rock Band, uma das bandas oficiais do Rock Experience. Foi produtor musical da casa de 2018 a 2020 .